segunda-feira, 8 de junho de 2009

O peso da derrota

É com tristeza que escrevo hoje qualquer coisa. Mas à boa maneira brasileira um blog é também o diário das pessoas e nesse sentido apetece-me escrever o que me vai na alma.

Estou cansado. Andei em campanha, mobilizei amigos e militantes para comícios, encho camionetas, esforço-me diariamente para passar a mensagem, canso-me de trabalhar para quê? 26%! 26%... Inacreditável, a pior derrota desde 1987!
Estou farto disto, parece que o PS não quer ver e que a cópula de poder fecha-se para o exterior tornando impossível que alguém lhes mostre a diferença. Mas o pior disto é que as vezes dou comigo a passar uma mensagem que eu próprio não acredito.
Sou genuinamente socialista, sou genuinamente socrático, sou um convicto do projecto do nosso primeiro-ministro para o país. Para quê? Tudo o que é real é perecível, mas o tempo de validade somos nós que o definimos!
Tal como Sócrates era um politico “fresco” em 2005, também o PSD pegou num sujeito novo e apresentou-o ao eleitorado, o povo Português está cansado de ver sempre os mesmos. É assim tão difícil perceber que o poder politico deve ser renovado sempre que chegar ao fim de ciclo? É assim tão difícil que os políticos têm o seu tempo e que quando alguém tem uma oportunidade e chega ao fim o projecto, deve sair da frente e deixar que outros tentem fazer melhor? É assim tão difícil entender que existem milhares de jovens que só querem uma oportunidade para mostrar que são capazes?
O PS nestas eleições Europeias levou o que de pior existe em Portugal, o regresso ao passado e o pagamento do políticos. Uma lista de gente que os Portugueses reconhecem o mérito por tudo aquilo que já fizeram, mas que não estão disponíveis para ver um regresso ao passado de gente que já foi poder, ministros, deputados, presidentes de câmara e que já tiveram o seu tempo. Pagamentos políticos a pessoas que gostam de dar a cara pelo partido desde que tenham um lugar seguro.
A Europa só é distante para os Portugueses porque os políticos não têm vontade de encurtar a distância. Como podemos querer passar que é no parlamento europeu que se decide as politicas transversais para Portugal se depois mandamos para lá gente que já foi presidente de câmara e perdeu, já foi ministro e demitiu-se, já foi deputado e ausentou-se da política! Hoje claramente o Parlamento Europeu tem imagem de um local de repouso milionário para políticos reformados ou em pré-reforma, em que o país faz um pagamento do mérito outrora obtido. Assim não prestigiamos a Europa, assim pugnamos para a manter distante.
Cá dentro temos mais duas eleições este ano. Sócrates ontem dizia que este resultado servia para reforçar a vontade de lutar ainda mais pelo país, contra a crise e que sentia-se ainda mais motivado para os próximos combates eleitorais. Eu também, mas alguma coisa tem de mudar.
Passo a citar alguém que embora de outra época e de outro país, talvez tenha vivido o mesmo desencanto de hoje:
"O medo cego, que tem como guia a razão que vê, tem pé mais firme do que a razão cega que tropeça sem medo." - William Shakespeare

Sem comentários: